quinta-feira, 15 de dezembro de 2011

O adultério de "Uns Braços" dentro de uma sociedade machista

      O conto Uns braços, obra realista de Machado de Assis, narra um assunto muito polêmico, de forma a levantar uma crítica à visão machista da sociedade, que impõe à mulher uma condição de submissão.
      No conto, D. Severina, mulher de 27 anos, casada com Borges, se afetua com Inácio, um jovem de 15 anos, que presta serviços a Borges. Essa relação de afeto mútuo, se desenvolve a ponto de caracterizar um adultério que se concretiza a partir de um beijo.
      O adultério feminino é visto pela sociedade como ato inaceitável, não só pelo fato do adultério em si, mas pelo fato de ser um adultério feminino, o que evidencia os diferentes julgamentos aplicado ao homem e a mulher.
      Para fundamentar esses argumentos, imaginemos se paralelamente à relação entre D. Severina e Inácio, Borges mantivesse uma relação extraconjugal em secreto com uma jovem. Certamente, o adultério de Borges causaria menor impacto na sociedade.
      Muitos padrões machistas presentes no contexto do conto já se perderam, porém, há alguns desses padrões que ainda prevalecem.
      Até quando nós, como sociedade, viveremos firmados nesses padrões machistas, que até então, sempre estiveram presentes na história da humanidade?

12 comentários:

  1. Desnudei alguma dezena de pequis durante o almoço("no Goiás é assim").

    "O refluxo de material ácido do estômago para o esôfago não significa necessariamente doença."
    Dr. Stéfano Gonçalves Jorge
    (http://www.cccastelo.com.br/drge.htm)

    Ao meu refluxo-comentário gástrico do coração:

    Não é uma contradição perguntar até quando vai esse machismo e, ao mesmo tempo,julgar tão fria e rigidamente um beijo - que nem se define claramente entre realidade e sonho - como concretização de um adultério?
    O trecho "[...]Desde madrugada que a figura do mocinho andava-lhe diante dos olhos como uma tentação diabólica.",o mais significativo em se tratando do espaço psicológico de D.Severina,é ambíguo e nem mesmo permite afirmar que ela estava pensando em trair;o que já seria,para a cultura cristã, um adultério.
    Penso eu que o machismo - e também o feminismo - terá seu fim quando perecerem o dimorfismo sexual da espécie e a incrível racionalidade humana.

    Alguém tem antiácido aí?
    AMOF

    ResponderExcluir
  2. Eu achei que o texto de vocês muito bom. Gostei da comparação que fizeram sobre como a sociedade encararia se o adultério fosse por parte de Borges. Tenho que discordar com Adaiton, penso que qualquer contato íntimo com alguém que não é seu cônjuge pode ser considerado adultério, até mesmo um simples beijo. No mais é só. Parabéns.

    ASS.: Érica

    ResponderExcluir
  3. O Adaiton (é sem o "l" mesmo???)mandou dizer - embora não tenha NENHUM poder de mando - que ele não afirmou nada.Ele disse:

    "Eu perguntei se não estavam cometendo uma contradição e,depois, citei um dogma da Igreja Cristã.Eu não tenho nenhuma conclusão sobre adultério,ainda não penso nisso...."

    E ele se desculpou por não ter dito "Parabéns".E disse "Parabéns" pra todos que escreveram o texto.
    AMOF

    ResponderExcluir
  4. Parabéns por escolher um tema e focar nele. Confessemos que nem todos conseguem. O texto ficou bem direto e focado,mas senti falta de mais exemplos e aprofundamentos.
    Andressa Lamounier

    ResponderExcluir
  5. Bom, particularmente gostei mais do primeiro texto, mas devo concordar com a Andressa, vocês conseguiram escolher um tema e focar nele (na minha humilde opinião até de mais)... Poderiam ter colocado mais informações a respeito de adultérios femininos ao longo do tempo, também seria interessante falar sobre os motivos que levaram Dona Severina a trair Borges, poderia dar uma boa discussão (em minha opinião ela só gostou de ter a atenção de alguém... todo mundo gosta de saber que desperta interesse de outra pessoa).
    Também acho que elevaram a extremos quando falam sobre a submissão das mulheres, elas eram tão submissas assim?? O conto não mostra muito bem como era a convivência de Dona Severina com Borges, e a adaptação para a televisão mostra que Dona Severina gera até certa influência sobre Borges.
    Hélio

    ResponderExcluir
  6. Antiácido não! Laxante. Bom só fazendo um cometário rápido, a Bíblia considera um simples desejo por outro alguém que não é o seu marido ou a sua mulher adultério.
    Essa guerra de sexos na minha humilde opinião (que sou só mais um pequi no meio desse cerradão), está ficando chata. Desde de que o mundo é mundo a sociedade espera da mulher uma posição diferente do homem: A de não trair. Lembrando que nada é proibido mas tudo tem sua consequência, quando alguém decide por fazer algo, deve se preparar para arcar com o resultado. Se a mulher se diz injustiçada com essa visão que perdura até hoje, por que então continua dando motivos? Cansei de engolir caroço, o seres humanos fracos emocionalmente. Não conseguimos controlar nossa "perversa" mente? OBS: Nunca faça com alguém o que você não quer para si mesmo.

    Me perdoem, mas é como minha sabia mãezinha disse: Quem come a fruta tem que roer o caroço.
    Karla Geovana

    ResponderExcluir
  7. Com o perdão da palavra, apesar da boa escolha de um tema que poderia ter sido esmiuçado de diversas maneiras, percebe-se que a falta de exemplos prejudicou o aprofundamento da ideia original.
    Poderiam ter, por exemplo, mostrado dados históricos que demonstrassem a linha de raciocínio que seguiram e que os fez chegar a essas conclusões.
    Amanda Rodrigues

    ResponderExcluir
  8. Concordo com o critério que o simples fato de olhar pra uma outra pessoa a ponto de sentir desejo por ela já se constitui adultério.Apesar de o fato não caracterizar o adultério propriamente dito, constitui causa bastante para uma ação de divórcio, baseado no mesmo Código Civil, art. 1566 que dispõe: “São deveres de ambos os cônjuges: I – fidelidade recíproca; II – vida em comum, no domicílio conjugal; V – respeito e consideração mútuos.”.Então Borges teria,com base na lei,motivo para se separar de D. Severina.
    Max Junio

    ResponderExcluir
  9. Eu não vejo como um adultério, como o nosso amigo AMOF disse "um beijo - que nem se define claramente entre realidade e sonho" , e eu acho q o adultério feminino é mais drástico porque a mulher é tida como um ser puro, angelical na sociedade, já o homem, não vamos nem falar neh. E quando uma mulher comete esse ato ou outro da mesma proporção é tida como impura, um anjo que caiu!
    Arthur Reis

    ResponderExcluir
  10. Só para esclarecer: ADAITON E AMOF NÃO DISSERAM A OPINIÃO DELES SOBRE ADULTÉRIO.ELES NÃO PENSAM NESSAS COISAS!Eles são contra ações como as noticiadas abaixo:


    "Suposta adúltera é apedrejada no Afeganistão
    Publicado em segunda-feira, 9 de agosto de 2010 às 16:38
    Insurgentes do Taleban chicotearam em público e executaram uma mulher afegã por suposto adultério, disse uma autoridade policial nesta segunda-feira.

    A mulher, uma viúva de 48 anos, recebeu dezenas de chibatadas antes de ser morta a tiros no domingo, na remota localidade de Qades, disse Abdul Jabar, uma alta autoridade provincial.

    O lugar é um distrito sob controle de militantes do Taleban na província de Badghis, noroeste do Afeganistão. Jabar disse por telefone que “o fato aconteceu em público.

    Apesar de ninguém ter reclamado, o governo tomará medidas sobre o incidente”. O homem não identificado que teria tido o suposto romance com a mulher escapou."

    fonte:Folha Online.
    AMOF

    ResponderExcluir
  11. Considero, sim, um adultério.E seja ele feminino ou masculino, acho errado e mais que motivo para ser vergonhoso, para "causar um impacto na sociedade". Considero um grande problema a banalização do que um dia foi considerado sagrado, como a fidelidade para com seu cônjuge. Não posso afirmar que Borges cumpria todos os seus deveres de marido, mas sei que nada pode livrar D.Severina da culpa de suas ações. Tente apenas imaginar se você visse seu namorado(a) beijando outra(o)? Você consideraria adultério? O que você faria?

    Gostei da polêmica gerada pelo texto. Senti falta do caminho para as ideias apresentadas, algo que leva o leitor junto com o autor a tais conclusões.
    Wêdylla

    ResponderExcluir
  12. "Os erros são os portais da descoberta".
    James Joyce.

    Gyovanna Torres

    ResponderExcluir