Aquela adrenalina que se mistura ao medo de acabarmos sendo pegos por fazer algo errado ao olhos dos outros, essa é a essência que percorre todo o conto de Machado de Assis. Percebemos isso ao focarmos nos personagens Inácio (um garoto de quinze anos, começando a demonstrar interesse pelos prazeres da carne, e que vê em D. Severina um símbolo sexual através da exposição do corpo desta mulher) e D. Severina (profundamente atraída pela juventude e pela inocência dos gestos do menino), também no receio de ambos em concretizar seus pensamentos por causa da presença do Sr. Borges.
O interesse de Inácio é visível, porém um adolescente se atrair por alguém mais velho é muito comum, uma proposta muito interessante do autor nesta narrativa é abordar a perspectiva do adulto(neste caso D. Severina), que tem que relutar contra a atração por um garoto com quase metade da sua idade, além desta senhora ser casada. Acompanhamos o problema desta personagem que baseia que o jovem esta interessado em sua pessoa através apenas de suposições, e com o tempo a atração passa a ocorrer por parte desta mulher também, seus pensamentos são dominados por essa ilusão de se relacionar intimamente com o menino, e com isso as sensações das quais falava para você caro leitor no início deste texto começam a aparecer em nossa personagem.
Portanto ao ler este conto, seria muito legal imaginarmos uma visão inicial de Dona Severina sobre a história:um garoto que passa a morar em sua casa, meigo, misterioso e que demonstrava interesse por esta dama, enquanto seu marido vivia estressado e era extremamente rude com esta mulher. Se partilhas da mesma visão deste que vos escreve, poderás concluir comigo caro amigo que apesar da Inácio ter apenas quinze anos apresentava qualidades muito atraentes, e que o beijo no clímax da história foi quase inevitável em razão das circustâncias.
Não partilho da mesma visão e nem concluo,caríssimo amigo,que D.Severina se sentisse atraída pela criança de 15 anos "que apresentava qualidades muito atraentes"(!???/Eu acho o ciclo da beleza humana semelhante ao das galinhas....Já viu um "frango jovem" que pegou chuva?).Muito menos que D. Severina estivesse "profundamente atraída pela juventude e pela inocência dos gestos do menino"...(Lembrei até da fala-filosofia de uma idosa,dentro dum ônibus:"Todo mundo tem um pouco de pedófilo")
ResponderExcluirApesar disso (divergência nas nossas interpretações e nas conclusões ),a abordagem - UM TANTO CORAJOSA E COMPROMETEDORA - foi muito interessante.
Parabéns!
Achei umas frases legais em "O Pensador",da uol:
"Sua interpretação faz parte da sua imaginação"
Fred Almada
"A beleza da arte está em suas inúmeras possibilidades de interpretação."
L. S. Dias
"Se soubéssemos quantas e quantas vezes as nossas palavras são mal interpretadas, haveria muito mais silêncio neste mundo."
Oscar Wilde
"O que diferencia uma pessoa de outra é o seu imaginário, a interpretação que dá aos fatos da vida."
Tizuka Yamasaki
A.M.O.Fartura de ignorância de quem acessa "O Pensador" para ter o que dizer.
Concordo com o grupo. Se lermos o conto pela perspectiva de D. Severina percebe-se que ela não pode ser condenada só porque gostou de se ver desejada por um adolescente. O marido não lhe dava a atenção que uma mulher como ela merecia. E o jovem Inácio estava com seus quinze anos, fase de descobertas e de desejos. Foi inevitável essa atração entre os dois. Devido às circunstâncias não se pode culpá-los pelo desejo proibido.
ResponderExcluirSarah Bueno
Eu acho que a sociedade daquele tempo e do nosso tempo é muito preconceituosa nessa questão. Não vejo nada de mais em uma mulher se sentir atraída por um menino de 15 anos (mesmo que seja um frango jovem que pegou chuva), como dizem o amor não escolhe idade, poder social ou sexo, simplesmente sentimos. É claro q os pais devem se preocupar com os filhos, mais em vez de proibir o romance, tentar conhecer melhor o homem ou a mulher, pra não tirar conclusões precipitadas. No caso de D. Severina outro fator que atrapalha é ela ser casada, mais pense por um lado, ela sentiu atraída por Inácio por que a carne é fraca e vai ver ela não tinha o amor, o desejo vindo do Sr. Borges, e achou isso em Inácio.
ResponderExcluirArthur Reis
Para reforçar as afirmações de meus colegas e esquentar esse blog.Vamos lá, povo,que pequi congelado não dá em nada,muito menos em nota...
ResponderExcluir"O marido não lhe dava a atenção que uma mulher como ela merecia." (Sarah)
"ela não tinha o amor, o desejo vindo do Sr. Borges, e achou isso em Inácio." (Arthur Reis)
Também desconfio disso que disseram aí...O tal amigado sequer comprava os vestidos de manga longa que D.Severina precisava.Um absurdo!Coitadinha da D.Severina..
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"(...)desejo proibido."(Sarah)
Essa parte eu(também)não lembro não ,mas pode ser que tenha existido...Rolou até um beijão,não foi?
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"como dizem o amor não escolhe idade, poder social ou sexo, simplesmente sentimos. "(Arthur)
O povo que diz isso aí é da Holanda,né?Sabia.
AMOF
Morrendo rir com os comentários...
ResponderExcluirO texto exagera quando fala dos sentimentos de D. Severina por Inácio.
Arthur e Sarah estão certos quando dizem:
"O marido não lhe dava a atenção que uma mulher como ela merecia." (Sarah)
“ela não tinha o amor, o desejo vindo do Sr. Borges, e achou isso em Inácio." (Arthur Reis)
(Obrigado AMOF, por recortar essa parte dos comentários anteriores, você está sempre facilitando as coisas).
D. Severina não tinha muita atenção de Borges, mas não agiu de caso pensado querendo trair seu parceiro, ela só gostou de ser alvo do desejo de Inácio, e acabou por dar um beijo no menino, mas pense se D. Severina realmente tivesse apaixonada como o texto diz a história teria aquele final??... Ela usaria o xale? ... Acho q não.
Hélio Júnior
Sinceramente eu queira ser o pequi que matou D. Severina engasgada... Brincadeira gente(ou não), por mais que fazer algo escondido "seja gostoso", foi injusto com o pobre Inácio. O menino nem teve chance de começar a fazer o bigode, e vai começar a vida com um conflito interno. Ilusão ou não? O que realmente aconteceu?
ResponderExcluirPior que pequi "sem carne" é ser visitado pela duvida toda a vida... Mesmo Inácio demostrando uma atração reprimida por medo de algo de ruim acontecer, se ela continuasse a se deleitar visualmente aqueles braços. D. Severina não podia permitir o desejo subir a cabeça, (algo muito interessante que ocorre na cabeça das mulheres é se aparecer quando estamos sendo notadas, depertando ainda mais o desejo do outro). Tudo bem que isto é normal, mas fazer isto com um menino que está aprendendo a ser homem é demais... É para acabar com os Pequis do Goiás.
Karla Geovana
Partilho de mesma opinião que meu colega Hélio, e creio que o adultério(chamem assim ou não)que houve entre Inácio e D. Severina, foi antes de qualquer coisa uma resposta aos olhares do garoto. Porém acredito q o xale usado por D. Severina, antes de qualquer coisa, signifique arrependimento da parte da mesma em relação ao ocorrido, e uma tentativa de inibir o garoto, mostrando q ela ja notara os seus olhares(coisa q não seria muito difícil, pelo menos segundo a adaptação do conto feita pela Record), e desse forma tentar não se envolver, porque acredito q mesmo q ainda não houvesse uma paixão da parte dela, essa poderia surgir, se esse desejo continuasse sendo alimentado!!
ResponderExcluirVitor Nunes
D. Severina se sentia atraída? Não fui capaz de encontrar indícios suficientes a esse respeito. Acho que ela simplesmente estava tão enfastiada com sua vida doméstica que ao notar algo novo naquele ambiente, tratou de aproveitar...
ResponderExcluirEla ficou lisonjeada. Imaginem só, sob o contexto da época, ser desejada, mesmo que seja por um jovem qualquer, era um estímulo à sua vaidade.
Amanda Rodrigues
O amor é um mero fruto do acaso ou de interesses camuflados?
ResponderExcluirAmanda Rodrigues
Amanda, eu acredito q se não houvesse no mínimo uma atração da parte de D. Severina o beijo não viria a se concretizar, e se fosse apenas uma forma de se aproveitar do desejo de Inácio, se insinuando para o garoto, o beijo certamente não ocorreria enquanto o garoto dormia... Também, porque ela não se despediria do garoto no momento de sua partida, se não houvesse pelo menos um pouco de culpa da sua parte, que creio eu, sobreveio desse desejo "proibido".
ResponderExcluirVitor Nunes
Vítor,
ResponderExcluirNão vejo que a culpa venha apenas do desejo, mas que se origine do que ela pensava que os outros pensariam dela se soubessem de seu ato; Portanto, o medo a instou a fazê-lo sem que ninguém soubesse, nem mesmo Inácio, a fim de que seu desejo fosse consumado e que não corresse riscos...
Amanda Rodrigues
Amanda,
ResponderExcluiracima você perguntou, "D. Severina se sentia atraída?", e já agora no seu último comentário, vc deixa claro que a mesma sentia desejo pelo garoto, pois bem, há alguma diferença entre a atração e o desejo??
Fica essa pergunta para todos os comentaristas do blog =) ... Comentem ai pessoal!!!
Vítor Nunes
O desejo a que me referi era de livrar-se do tédio.
ResponderExcluirAmanda Rodrigues
Espero não atrapalhar esse acalorado conflito de opiniões com o meu comentário,mas, gostaria de saber o por que de sempre nos referirmos sobre o passado falando que as pessoas estavam entediadas? Concerteza nós (sociedade moderna), nos sentiríamos muito entediados, mas o que nos garante que eles (sociedade em questão) se sentiam assim? É claro que a vida nessa época não era tão atrativa, mas eles concerteza conseguiram driblar o tédio, sem que para isso fosse necessário sair beijando garotos(as) mais novos(as)!
ResponderExcluirSomos culpados sim por "desejarmos algo proibido", nós devemos ter autodomínio e força de vontade o suficiente para não agirmos contra a nossa conduta moral(se tiver), mesmo quando sozinhos, porque quando se está a sós, as atitudes que tomamos mostra os valores que prezamos! Não importando se nosso "coração" quer que façamos outra coisa, vai uma dica não confie nele! A fama dele é de traiçoeiro. "O coração é o símbolo daquilo que não pode ser controlado nem pelo intelecto nem pela vontade, é o símbolo das emoções.Ele é formado por duas câmaras que emitem um som duplo, assim ele pode estar dividido em duas opiniões completamente diferente. "-Mário L. Quilici
Max Junio
Isso ai Max... Concordo exatamente com tudo o que vc disse!!! =)
ResponderExcluirSó para complementar...
A cerca de 2600 anos atrás um sábio homem, profeta de Deus escreveu: "[...]Enganoso é o coração, mais do que todas as coisas, e perverso; quem o conhecerá?[...]" (Jr 17.9)
Vítor Nunes
Arthur,
ResponderExcluirDiscordo com você. Há muuuitas coisas "de mais" em sentir atração por alguém que não é, como no caso de D. Severina, seu cônjuge.
Concordo com o Max. Não há desculpas para infidelidade. "Ai meu marido não me dá atenção. Já sei! Vou trair ele!! o/". Lógico que não! Tédio, ou qualquer outra coisa não é motivo pra você agir contra alguém.
Você só consuma o desejo por ficar maquinando ele dia e noite na cabeça. Isso acontece com pessoas que não enchem sua mente com coisas úteis e edificantes.
Você faz suas escolhas. E suas escolhas fazem seu caráter.
ASS.: ÉricaLF
Na falta de boas palavras próprias,faço minhas as ascéticas da Senhorita Érica.Ressaltando que "cônjuge" ,no caso acima, significa "pessoa com quem se vive".
ResponderExcluirBelíssima a filosofia "Você faz suas escolhas. E suas escolhas fazem seu caráter.".
Acredito,porém,que as escolhas feitas(e portanto o caráter)não dependem unicamente do individuo quem escolhe.
Isso partilharia a grande culpa de D.Severina entre a sociedade daquela época,sua criação,seu marido(por que não?),talvez o jovem Inácio e ela.Parece-me mais correto,por ser mais justo.
AMOF
"(...) culpa de D.Severina entre a sociedade daquela época,sua criação,(...)"
ResponderExcluirA ambiguidade(que não foi proposital) não deturpa o que eu quis dizer,contrário disso.
AMOF
"Os erros são os portais da descoberta".
ResponderExcluirJames Joyce.
Gyovanna Torres
Não partilho da mesma visão pois a flecha lançada é uma coisa que você nunca poderá voltar atrás na vida como o fato de possuir culpa ou não, o que ira mudar é apenas uma coisa se a pessoa que possui culpa se arrepende ou não. Por fim,uma só palavrinha "consciência", se possuir não terás ação(ato feito) que lhe trará mais tarde a condenação de culpado.
ResponderExcluirCaroline Parreira